Explicando a Disparidade Entre Produtividade e Remuneração

Qual é o problema da divergência nos índices de produtividade e remuneração que tem acontecido nas últimas décadas?

Desde a década de 1970, o aumento da produtividade das empresas não resultou em aumento dos salários dos funcionários. 

Essa ocorrência também é conhecida como disparidade produtividade-salário.

A disparidade produtividade-salário tem muitas causas e difere de acordo com o setor (ela é maior em alguns setores do que em outros).

Este artigo o ajudará a desmascarar vários mitos e a compreender as principais questões relacionadas à disparidade entre produtividade e renda.

Então, vamos direto ao assunto.

Disparidade Entre Produtividade e Remuneração

O que é a disparidade entre produtividade e remuneração?

A disparidade entre produtividade e remuneração é a diferença entre a produtividade da mão de obra e os salários dos funcionários. Em outras palavras, é o quanto os trabalhadores produzem por hora trabalhada em comparação com o quanto eles realmente ganham por essas horas. Idealmente, quando a produtividade aumenta, os salários devem crescer simultaneamente.

O que é produtividade?

Antes de discutirmos a relação entre produtividade e salários medianos em mais detalhes, precisamos definir produtividade.

Existem diversas variações da definição, dependendo do setor — mas atualmente estamos interessados ​​na definição econômica, que é a seguinte:

A produtividade é calculada como uma proporção do produto interno bruto por hora trabalhada e é uma medida da produção por unidade de insumo.

Simplificando, a produtividade demonstra a eficiência com que alguém conclui uma determinada tarefa.

Portanto, estamos falando da taxa de produtividade de uma pessoa, medida diariamente.

Para que um trabalhador seja produtivo, ele precisa ser motivado por fatores internos ou externos.

Fatores internos implicam que uma pessoa é motivada a realizar uma atividade por si só, porque é agradável e prazerosa para ela. Portanto, o comportamento em si é a recompensa.

Por outro lado, fatores externos incluem incentivos financeiros, reconhecimento público ou status, por exemplo.

Como a produtividade afeta os salários?

Quando a produtividade aumenta, os lucros da empresa também aumentam — e todas as partes interessadas deveriam se beneficiar disso.

Trabalhadores produtivos têm maior capacidade de foco e sabem quando é a hora de fazer uma pausa. Em outras palavras, suas habilidades de gestão de tempo são melhores, resultando em um equilíbrio mais adequado entre vida pessoal e profissional.

No ambiente de trabalho, quanto maior for a iniciativa em nível empresarial e quanto maiores forem as recompensas, maior será a probabilidade dos funcionários se engajarem e se motivarem a encontrar outras maneiras de aprimorar suas habilidades.

Isso é o que deveria acontecer na prática, mas nem sempre é o caso. A disparidade entre produtividade e remuneração mostra que há situações em que alta produtividade não resulta necessariamente em salários mais altos.

Vejamos como a relação entre produtividade e salários mudou ao longo do tempo.

História da disparidade entre a produtividade e a remuneração na economia dos EUA

Ao observarmos a história da economia dos EUA, a disparidade entre produtividade e remuneração não era tão acentuada quanto é hoje. De acordo com um estudo do Economic Policy Institute (EPI), entre o final da década de 1940 e a década de 1960, a produtividade e a remuneração cresceram quase na mesma direção — os trabalhadores recebiam salários mais altos quando sua produtividade aumentava.

No entanto, essa diferença mudou bastante no final da década de 1970 (por vários motivos, que discutiremos mais adiante). Isso significa que, desde então, os salários dos funcionários não acompanharam o aumento de sua produtividade. 

Curiosamente, as taxas de produtividade cresceram rapidamente entre 1979 e 2024, enquanto a remuneração por hora no mesmo período diminuiu imensamente, como mostra a tabela abaixo.

Ano Taxa de crescimento da produtividade Crescimento da remuneração horária
1950s–1960s 33.1% 31.2%
1960s–1970s 30.4% 23.6%
1970s–1980s 12.9% 6.4%
1980s–1990s 10.2% -2.4%
1990s–2000s 16.6% 7.4%
2000s–2010s 26.1% 14.1%
2010s–2020s 14.8% 10.8%
2020s–2024 4.9% 2.1%
Crescimento total: 1950 — 2024 261.7% 122.0%


Podemos concluir que, na era moderna, à medida que a produtividade dos trabalhadores aumenta, eles parecem não receber a sua parte justa, apesar das suas contribuições. 

Seria fácil tirar conclusões precipitadas e culpar um sistema econômico falido, onde os mais ricos estão cada vez mais ricos — mas lembre-se de que esta é apenas parte do motivo.

Razões para a disparidade entre salários e produtividade

Não há uma resposta definitiva para a razão pela qual a disparidade entre salários e produtividade ocorre, especialmente se quisermos falar da sociedade como um todo. Portanto, aqui estão algumas das razões.

#1: Diversidade de setores

A desconexão entre o crescimento da produtividade dos funcionários e o crescimento dos salários pode diferir entre os setores. Por exemplo, essa lacuna é menos evidente em tecnologia e finanças, onde a produtividade dos funcionários cresce principalmente junto com seus salários.

De acordo com este relatório da ADP, na região da Baía de São Francisco, nos EUA, empresas de tecnologia como Google, Apple, Meta e Nvidia oferecem altos salários aos seus funcionários de melhor desempenho, que recebem mais de US$ 500.000 por ano. Ao mesmo tempo, setores como varejo e hotelaria ainda registram salários estagnados, independentemente do aumento da produtividade.

#2: Avanço tecnológico

Embora a automação de muitos processos e a presença da IA ​​tenham tido um grande impacto no crescimento da produtividade, os principais beneficiados têm sido, em sua maioria, empresários e executivos.

Do início da década de 1990 até a década de 2010 (com base no estudo do EPI acima), o maior aumento de produtividade, de mais de 40%, ocorreu devido à expansão da internet e dos computadores.

No entanto, esse aumento na produtividade devido às mudanças tecnológicas (especialmente a IA) não resultou em aumentos salariais iguais, gerando altos rendimentos para CEOs e altos executivos, diferentemente do restante da força de trabalho. 

#3: Globalização do emprego

Outro fator que influencia a desproporção entre a produtividade dos trabalhadores e os salários é a tendência de transferir a produção para países com baixos custos de mão de obra. Isso resulta em crescimento salarial estagnado ou reduzido em países com salários mais altos.

Por exemplo, setores como vestuário, eletrônicos, automóveis e muitos outros transferiram sua produção para países como China, Índia, Vietnã e países do Leste Europeu. Nesses locais, os salários são consideravelmente mais baixos do que nos EUA, Alemanha ou qualquer outro país economicamente mais desenvolvido.

Embora as empresas reduzam os custos de mão de obra dessa forma, elas limitam as possibilidades de crescimento salarial em países com custos mais altos, criando novamente a disparidade entre produtividade e remuneração.

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#4: Declínio do sindicalismo

Trabalhadores sindicalizados nos EUA costumavam receber salários mais altos à medida que a economia prosperava. Agora que os sindicatos estão perdendo força — a participação dos sindicatos no setor privado caiu de 35% na década de 1960 para apenas 6% em 2023 —, também vemos um declínio significativo em suas remunerações.

Da mesma forma, uma pesquisa do Union Membership and Coverage Database em 2024, mostra que o número de trabalhadores cobertos por um acordo de negociação coletiva caiu de 27% em 1979 para 11,6% em 2019. Em outras palavras, trabalhadores cujos direitos (incluindo salários) antes eram protegidos por sindicatos agora têm salários medianos reduzidos, apesar dos aumentos de produtividade.

Ou seja, um trabalhador típico ou mediano perdeu US$ 1,56 por hora entre 1979 e 2017, o que equivale a US$ 3.250 por ano para um trabalhador em tempo integral

#5: Falta de leis trabalhistas adequadas

Outro fator significativo que contribui para a disparidade entre produtividade e remuneração é a completa ausência de políticas trabalhistas ou o fato de as políticas existentes raramente serem atualizadas. Muitas delas não acompanham a inflação ou quaisquer outras condições econômicas de um estado.

As leis de salário mínimo em certos estados permaneceram inalteradas por décadas. Por exemplo, o salário mínimo na Geórgia (EUA) é de US$ 5,15 (o menor dos EUA) — e esse valor permanece o mesmo desde 2002. 

Embora muita coisa tenha acontecido nos últimos 23 anos, incluindo crises financeiras, inflação, avanços tecnológicos, etc., o salário mínimo permaneceu inalterado, independentemente do aumento da produção dos funcionários.

Este é apenas mais um exemplo de por que a disparidade entre produtividade e remuneração ocorre. Agora, vamos analisar os detalhes, começando pelo estudo longitudinal da disparidade entre produtividade e remuneração.

🎓 Guias de Leis Trabalhistas Estaduais (EUA)

Estudo longitudinal da disparidade entre produtividade e remuneração

Com a abundância de fatores que influenciam a disparidade entre produtividade e remuneração, já é desafiador determinar sua proporção exata com precisão.

Não compreender o panorama geral e como tudo está conectado cria um problema adicional — equívocos e até mitos urbanos sobre o tema.

Um dos principais motivos para enfatizar a disparidade e não ajustar a proporção ideal de acordo com vários fatores cruciais, incluindo a automação, é a história da estagnação da classe média. Não nos interpretem mal — a desigualdade existe — mas esta questão em particular é complexa.

Vamos ver o que os economistas têm a dizer sobre a disparidade entre produtividade e remuneração e examinar mais a fundo algumas das principais falhas metodológicas em seu raciocínio — por meio de um estudo longitudinal do EPI sobre a disparidade entre produtividade e remuneração.

Vamos abordar os seguintes tópicos:

Diferença entre produtividade e remuneração: considerações metodológicas

Curiosamente, os anos de 1979 e 2019 são adequados para comparação, marcados como anos de baixas taxas de emprego — e todo este período de quatro décadas foi de crescente desigualdade.

Alguns dos fatores explicativos que o EPI enfatiza são os seguintes:

Já mencionamos muitos outros aspectos que podem levar à variação dos resultados. Outro problema são as diferentes abordagens dos economistas — e o Consumer Price Index (ou Índice de Preços ao Consumidor, em tradução livre) muda ao longo do tempo.

O que os economistas dizem sobre a disparidade entre produtividade e remuneração?

As opiniões sobre essa questão variam entre os economistas, e muitos argumentam que o principal motivo é sua orientação política.

Há um grupo de economistas neoclássicos que culpa a tecnologia pela disparidade entre produtividade e remuneração. Esse argumento é chamado de "mudança tecnológica com viés de qualificação" e apresenta muitas falhas em sua essência, pois não leva em consideração outros fatores importantes que mencionamos anteriormente (globalização do emprego, diversidade de setores, etc.).

A tecnologia e a automação servem ao propósito de melhorar a produtividade — essencialmente aumentando o salário mínimo por hora.

Para refutar a noção de "mudança tecnológica com viés de qualificação", o Economic Policy Institute EPI (Instituto de Política Econômica, em tradução livre) apontou como a queda da diferença salarial entre 1987 e 2017 é inconsistente com a explicação da diferença de qualificação. Nesse período, o grupo de trabalhadores com renda média e maior escolaridade não viu nenhuma vantagem sobre os trabalhadores com baixa renda, o que desmente todo o argumento.

Além disso, mesmo os salários dos trabalhadores altamente qualificados não apresentaram um aumento significativo, o que indica que o nível de escolaridade não pode ser um fator conclusivo na análise da diferença entre remuneração e produtividade.

Disparidade entre produtividade e remuneração: os fatores mais significativos

De acordo com o economista do MIT, David Autor, citado em outra análise relevante do EPI, a disparidade entre remuneração e produtividade é uma combinação de duas forças principais que impulsionam a desigualdade, incluindo:

Desigualdade e divergência foram discutidas de forma semelhante em um artigo publicado pelo Instituto Peterson de Economia Internacional (ou, no original, Peterson Institute for International Economics). Isso é relevante porque vários fatores adicionais são incluídos como os principais impulsionadores da disparidade entre produtividade e remuneração, incluindo:

Seguindo a mesma lógica, a Bloomberg também abordou esse tópico. O artigo deles apresentou resultados interessantes de um estudo de Stansbury e Summers — que revelou a existência de uma correlação entre produtividade e salários — embora não seja possível categorizar uma questão tão complexa em um modelo econômico simples.

Por que a abordagem deles foi inovadora?

Ao contrário da grande maioria dos economistas, eles não se concentraram apenas no gráfico que representa a tendência de longo prazo — em vez disso, examinaram as mudanças de curto prazo na relação entre produtividade e salários.

Os períodos analisados não ultrapassaram 5 anos, e a análise dos resultados comprova que, quando os níveis de produtividade aumentam, os salários também tendem a aumentar.

Qual o papel da automação na disparidade entre produtividade e remuneração?

Desde o final da década de 1980, a automação tem sido um dos temas mais controversos em relação à disparidade entre produtividade e remuneração.

Uma coisa é certa: as mudanças tecnológicas no ambiente de trabalho e a globalização por elas impulsionada não apenas influenciaram a disparidade, como também criaram outra disparidade intimamente relacionada. Estamos falando da desigualdade salarial entre pessoas com diferentes níveis de escolaridade.

Mas não podemos culpar a tecnologia e dizer que o viés é a favor de trabalhadores com diploma universitário.

Sempre houve uma grande disparidade nos salários entre quem está no topo da hierarquia de uma empresa (ou os 10º que mais ganham) e os demais.

No entanto, há uma variação considerável no modo como a automação influencia a lacuna entre produtividade e salário, tanto entre diferentes setores quanto dentro de subsegmentos de um mesmo setor.

De acordo com um relatório da McKinsey Global Institute, até 30% das horas de trabalho nos EUA poderiam ser totalmente automatizadas, culpando a IA pela ascensão dessa tendência.

Já mencionamos os empregos que passaram por automação no passado. Portanto, estes são os setores que ultimamente correm o maior risco de transformação:

  1. Trabalhadores da indústria e fábricas (robôs)
  2. TI (segurança de dados, automação de processos)
  3. Finanças (comércio, serviços de consultoria)
  4. Marketing (chatbots de IA)
  5. Saúde (wearables de bem-estar)
  6. Transporte (veículos autônomos), e outros

Além disso, de acordo com a International Data Corporation (IDC), os investimentos em IA crescerão ainda mais. Ou seja, até 2028, os gastos com IA nos EUA chegarão a US$ 336 bilhões.

Então, qual é a conclusão lógica?

A automação traz mudanças e implica a necessidade de diferentes habilidades para o futuro — mas é disso que se trata o progresso.

Distinções importantes na diferença entre produtividade e remuneração

A diferença entre produtividade e remuneração pode variar significativamente, por exemplo, dependendo do tipo de indústria/setor, como mencionamos anteriormente.

Mas também podemos abordar o tema analisando fatores específicos, como os seguintes:

  1. Nível do cargo 
  2. País 
  3. Gênero

#1: A diferença entre produtividade e remuneração por nível de cargo

Um ponto importante a considerar é a desigualdade salarial. Isso significa que apenas os indivíduos com cargos mais altos experimentam crescimento salarial, ao contrário, por exemplo, dos empregos de nível básico.

A análise mais recente do EPI sobre desigualdade salarial indica que a situação mudou significativamente para os 1%, 10% e 90% dos que ganham mais desde 1979. Aqui está uma visão geral:

Desde 1979, há um padrão estabelecido de crescimento salarial anual mais rápido entre o 1% mais rico e ainda mais rápido para o 0,1% mais rico.

Vamos examinar como diferentes níveis de cargo ou emprego podem influenciar a disparidade entre produtividade e remuneração, comparando dois extremos: os 90% mais pobres e o 1% mais rico.

  1. Diferença entre produtividade e remuneração entre os 90% com menor renda

  2. Os dados da referida análise do EPI mostram a disparidade no crescimento salarial para os 90% com menor renda, cujos salários anuais cresceram quase 44% entre 1979 e 2023.

    Para ajudar você a entender melhor o conceito, apresentaremos o valor monetário desses salários médios por ano.

    Ano 1979 1989 2000 2007 2019 2022 2023
    90% que menos ganham $29.953 $30.927 $34.618 $36.570 $40.988 $42.658 $43.035

    Por exemplo, um dos 90% que menos ganhava, cujo salário era de US$ 29.953 em 1979, passou a ganhar US$ 43.035 em 2023. Considerando um período de mais de 40 anos e considerando as condições econômicas, os 90% que menos ganhavam tiveram um crescimento salarial modesto.

    A implicação é que a diferença entre remuneração e produtividade foi significativamente menor para esse grupo, tornando a desigualdade salarial talvez um problema ainda maior.

  3. Diferença entre produtividade e remuneração entre os 1% que mais ganham

Agora, em comparação com os 90% dos que ganham menos, os rendimentos anuais do 1% mais rico são muito maiores, para dizer o mínimo. Em contraste com os 44% dos que ganham menos, os salários anuais do 1% mais rico aumentaram impressionantes 353% no mesmo período.

Aqui está uma análise dos salários anuais dos que ganham 1% entre 1979 e 2023:

Ano 1979 1989 2000 2007 2019 2022 2023
1% dos que mais ganham $281.932 $469.603 $699.846 $753.063 $789.317 $820.863 $794.129

A já notável disparidade salarial de 1979, quando o 1% que mais ganhava recebia o equivalente a nove vezes ou mais do que os 90% restantes, intensificou-se drasticamente em 2023. Naquele ano, os salários do 1% no topo superaram em mais de 18 vezes os rendimentos dos 90% na base da distribuição salarial.

A disparidade de salários evidencia que, mesmo com o aumento da produtividade, grande parte do lucro é destinada aos trabalhadores de alta renda (conforme detalhado na seção Razões para a lacuna entre salários e produtividade). 

#2: A disparidade entre produtividade e remuneração por país

Diferentes países se concentram em diferentes setores, o que, como mencionamos, pode ser outro motivo para a disparidade. 

Por que a região seria relevante para a disparidade entre produtividade e remuneração?

A explicação é que a trajetória de crescimento de uma determinada região depende das indústrias preexistentes originalmente desenvolvidas devido a fatores geográficos como clima, recursos naturais disponíveis, etc.

Portanto, embora a implementação de mudanças e a transição industrial possam ter ocorrido simultaneamente, os resultados ainda são diferentes para áreas rurais e urbanas, sem mencionar os diferentes continentes.

As áreas urbanas são mais populosas, têm padrões de vida mais elevados e tendem a atrair setores tecnologicamente mais avançados, como finanças, imobiliário, TI, etc. Por esse motivo, é seguro concluir que os salários dos residentes em áreas urbanas são mais altos — tornando a disparidade entre produtividade e remuneração menor.

Outra consequência crucial dos fatores mencionados acima, além dos geopolíticos, é a variação no número médio de horas trabalhadas por país, o que também impacta a diferença entre remuneração e produtividade.

Os funcionários em tempo integral nos EUA ainda trabalham mais horas por ano do que os funcionários em tempo integral na Europa. Por exemplo, a média da semana de trabalho nos EUA é de 40 horas, enquanto na França é de 35 horas.

Se não levássemos em conta outros fatores, a conclusão lógica seria que as pessoas na Europa são mais produtivas. Contudo, como vimos, não é tão simples assim.

Adotar a 4ª revolução industrial parece ser uma maneira de um país desenvolver resiliência ao fracasso, já que a tecnologia e outros tipos de experimentação levam a maiores produtividade, salários e padrões de vida.

Além de medir a produtividade individual e da equipe, é possível medir a produtividade de um país. Se você está se perguntando como fazer isso, a resposta está em:

Os 10 países mais produtivos

Vamos examinar a lista mais recente dos 10 países mais produtivos e tentar estabelecer um padrão dos principais setores econômicos e indústrias.

Portanto, a lista que você vê abaixo reflete, na verdade, a produtividade média por pessoa, por hora, o PIB per capita e as horas trabalhadas anuais, com base em dados de 2022.

Classificação País Produtividade por pessoa/ hora (USD) PIB per capita (USD) Horas trabalhadas (por ano) Os maiores setores econômicos
1. Luxemburgo $97,51 $134.754 1.382 Finanças, informação e comunicação, logística e turismo.
2. Irlanda $59,98 $106.456 1.775 Informação e comunicação, transporte profissional e hotéis.
3. Noruéga $55,50 $79.201 1.427 Produção de petróleo e gás, energia hidrelétrica, peixes, florestas e minerais.
4. Suíça $50,43 $77.324 1.533 Finanças, bancos, manufatura e agricultura.
5. Dinamarca $47,42 $64.651 1.363 Comércio, transporte e equipamentos médicos.
6. Países Baixos $45,02 $63.767 1.417 Finanças, comércio, transporte e energia.
7. Alemanha $42,93 $57.928 1.349 Finanças, telecomunicações, turismo e transporte.
8. Suécia $41,07 $59.324 1.444 Finanças, seguros, imóveis, varejo e transporte.
9. Áustria $40,51 $58.427 1.442 Finanças, seguros, turismo, construção e veículos.
10. Islândia $40,22 $57.646 1.433 Turismo, finanças, indústria, pesca e produção de energia renovável.

Aqui, podemos entender melhor a disparidade entre produtividade e remuneração, indo além da perspectiva dos EUA. O que podemos concluir é que a produtividade nem sempre resulta em salários mais altos, como demonstram países como Luxemburgo e Irlanda. Ou seja, esses países têm alta produtividade por hora — mas isso não é acompanhado por uma distribuição equitativa de salários (apenas os que ganham mais se beneficiam, especialmente os de tecnologia e finanças).

Por outro lado, países escandinavos como Noruega, Dinamarca e Suécia apresentam alta produtividade e maior igualdade salarial devido a seus sindicatos fortes e direitos trabalhistas (que muitos países, incluindo os EUA, não têm hoje).

No entanto, a desproporção entre produtividade e salários é uma questão relativamente global, mais evidente em alguns países do que em outros (como Noruega, Dinamarca, etc.). Fatores como leis trabalhistas, estruturas econômicas e fatores semelhantes também desempenham um papel crítico na forma como os lucros são compartilhados.

#3: A disparidade salarial entre produtividade e gênero

Quando se trata das principais razões para a existência da disparidade salarial entre produtividade e gênero, não podemos ignorar a "disparidade salarial entre gêneros".

A disparidade salarial entre gêneros é a porcentagem pela qual os salários por hora diferem entre homens e mulheres, sendo menor para estas últimas.

Para dar um exemplo relevante, aqui está um detalhe chocante. Conforme apontado em outra análise do EPI sobre a disparidade salarial entre gêneros, as mulheres recebiam 21,8% menos que os homens em 2023.

Dados do mesmo ano indicam que as mulheres que trabalham em tempo integral ganhavam 83 centavos para cada dólar ganho pelos homens. Em outras palavras, as mulheres que trabalham em tempo integral ganhavam 83% do que os homens ganhavam em 2023.

Além disso, idade e raça são outros dois fatores discriminatórios que impactam a disparidade salarial de gênero.

A mesma pesquisa mostra que as latinas estão entre as trabalhadoras com menor remuneração, com um salário mediano de US$ 43.880. Mulheres negras ganhavam US$ 50.470 em 2023, enquanto as mulheres brancas ganhavam US$ 60.450. Ao mesmo tempo, o salário mediano dos homens brancos era de US$ 75.950.

Parece também que o nível educacional das mulheres superou o dos homens nos EUA, enquanto a disparidade salarial continuará a persistir. De fato, a pesquisa do Departamento do Censo dos EUA de 2024 mostra que 47% das mulheres de 25 a 34 anos possuem pelo menos um diploma de bacharel, em comparação com 37% dos homens. 

Objetivamente, não há espaço para esse tipo de discriminação na era moderna, visto que as mulheres são tão valiosas quanto os homens. Isso se aplica especialmente às mães que trabalham, pois o escopo de suas responsabilidades exige o aperfeiçoamento de suas habilidades de gestão de tempo.

A verdade está aí, e a conclusão é que a disparidade entre produtividade e remuneração existe, independentemente do nível educacional das mulheres. Ainda assim, superar a disparidade salarial entre gêneros pode promover a justiça e aumentar a produtividade econômica também.

Implicações econômicas e políticas da disparidade entre produtividade e remuneração

Por último, mas não menos importante, gostaríamos de dedicar esta seção aos efeitos que a disparidade entre produtividade e remuneração tem sobre a economia e as políticas governamentais.

Implicações econômicas

O fenômeno da alta produtividade e da estagnação dos salários pode ter efeitos de longo alcance sobre a economia. Aqui estão algumas das implicações:

Implicações políticas

Além das implicações econômicas, a disparidade entre produtividade e remuneração pode ter certos efeitos nas políticas e regulamentações governamentais. Aqui estão alguns deles:

A disparidade entre produtividade e remuneração impacta significativamente tanto a economia quanto às políticas governamentais nos EUA. Do ponto de vista econômico, influencia a desigualdade de renda, o baixo poder aquisitivo e o declínio econômico. Do ponto de vista político, pode exigir salários mais altos e direitos trabalhistas mais amplos.

A redução da disparidade entre salários e produtividade pode beneficiar tanto a estabilidade econômica de um país quanto o fortalecimento das proteções trabalhistas.

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